O nosso jeito único de viver é... Com Sotaque.

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Pandemia: o sinal que precisávamos.

Me lembro muito bem, era comecinho de 2020, estávamos na casa da minha amiga para mais um clube do livro, bebíamos um bom vinho, jogávamos conversa fora e numa dessas ousei afirmar: “nossa geração é muito privilegiada, não passamos por guerras, ditaduras ou pandemias”— nem eu acredito, mas foi o que eu disse.

O que eu queria dizer é que crescemos rodeadas de privilégios, sem a preocupação de sobreviver!

Muito pelo contrário, a vida ia tão bem que tínhamos tempo de investir no autoconhecimento. Desconheço maior privilégio que esse em termos existenciais.

Explico melhor, somos uma geração que não precisou unir forças em prol do coletivo, contra uma ameaça capaz de exterminar toda a humanidade, até esse ano.

Afinal, não é o fim do mundo, uma das tragédias à humanidade mais temíveis?

Como nossa geração não havia chegado nem perto de um apocalipse, nosso senso de comunidade foi se perdendo, e aos poucos, o foco no “eu”  foi se tornando cada vez mais comum. Tanto que tiramos fotos self (que significa individualidade/ego em inglês) para mostrar mais de nós mesmas.

Além disso, os problemas do mundo não ressoavam – Perigo, perigo – não. Terrorismo, miséria, seca, crise econômica e corrupção, são temas muito amplos, distantes de nós, e nenhum deles representavam real ameaça de destruir a humanidade.

Assim, nos distanciamos da realidade; não conseguimos internalizar os problemas e passamos a culpar os outros.

Pouco a pouco fomos nos livrando da responsabilidade de agir em conjunto e assumir nossas atitudes e então, individualizando importâncias: meu tempo é mais importante que o do outro, eu não posso esperar na fila, meu tempo é precioso.

Trazendo para a nossa realidade de 2020, quando a pandemia se tornou mundial, inúmeras pessoas não conseguiram cumprir as normas da OMS.

Pelo simples fato de não acreditarem, de não quererem mudar suas rotinas ou pelo incômodo de usar máscaras. Vejam, as vontades individuais prevalecendo sobre o bem estar coletivo.

Um outro exemplo, no início da pandemia, quando a notícia se espalhou, vimos os mercados com estoques esgotados!

Quem exagerou na compra, nem por um segundo considerou a possibilidade do outro também precisar de alimentos e produtos.

Por isso digo: somos uma geração que precisava da pandemia.

De forma alguma desconsidero a dor de tantas pessoas ao redor do mundo, que perderam entes queridos. E esse é o meu ponto; são as situações difíceis que nos obrigam a ser mais resilientes, a deixar em segundo plano a nossa vontade por uma luta coletiva.

O que momentos de crises fazem, historicamente falando, é acelerar processos já em andamento.

Veja! Será possível pela primeira vez, que os laboratórios consigam desenvolver vacinas em curto tempo; será possível que escolas consigam atingir mais crianças com o ensino à distância; e esses são apenas alguns dos muitos exemplos.

Portanto, o ano da pandemia será o marco do mundo moderno, onde somos os mais desenvolvidos tecnologicamente e também, os mais solidários.

Há 350 mil anos nossa espécie tem evoluído e sobrevivido porque a maioria de nós faz o bem, o sinal que precisávamos.

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