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Os rótulos e as irmãs March

Estamos sempre nos questionando sobre os rótulos adquiridos desde pequenas. Já vivemos situações extremamente felizes ou tristes por causa de nossa personalidade, mas raramente nos permitimos seguir por um caminho diferente e aceitar o arrependimento, se necessário. As irmãs March no livro Little Women trazem lindas reflexões sobre nos aceitarmos como somos.

As irmãs possuem personalidades distintas apresentadas logo no início do livro. Meg, a mais velha, é meiga e romântica, Jo é corajosa e temperamental, Beth é meiga e frágil e Amy, a caçula, é fútil e audaciosa. Assim como no livro nós também somos rotuladas em nosso dia a dia e naturalmente abraçamos o perfil a nós intitulado. Acostumadas com o rótulo passamos a acreditar que tudo o que nos foi dito faz sentido.

Realmente faz sentido quando os rótulos estão em harmonia com nossos planos de vida. Porém, o problema surge quando quem somos perante os outros não coincide com quem realmente queremos ser.

 Assim, Jo se torna uma inspiração para as leitoras que se veem na encruzilhada de não corresponder às expectativas das pessoas ao seu redor. Ao contrário de Meg, Jo sabe que não será feliz como esposa, ela almeja mais do que cuidar da família e do lar. Uma carreira como escritora e uma vida independente é sua maior ambição. 

Seguindo o desejo de realizar seus sonhos Jo inicia uma carreira de sucesso publicando seus textos em um jornal local e ajudando a cuidar das irmãs. Nossa heroína está feliz, mas tudo tem um preço. Sair da zona de conforto—se expressar e ser transparente—significa ser diferente. E ser diferente é viver com frustrações, inseguranças e até desagradando alguns. No livro, Jo que por ser temperamental, nunca conquistou apreço da rica Tia March, que por sua vez, penaliza Jo pela irreverência e premia Amy pelos bons modos ao escolher a caçula para acompanhá-la a uma viagem pela Europa.

  Apesar das adversidades por sermos autênticas, a caminhada pelo incerto ainda é válida nos ensina Beth. Ela que por ser introvertida não sonhou com um futuro, não se achava capaz, apesar de ser uma talentosa pianista. Beth aceita seu destino, sem lutar pela própria vida e sempre a depender de alguém, sua vida se encerra sem que se torne mulher, vivendo uma vida segura, porém sem emoções.

Tal como Jo, Amy ambiciona uma carreira sucesso como pintora. Por outro lado, Amy não se importa de casar-se por dinheiro, seu desejo por uma vida de reconhecimento a satisfaria mesmo que tal conquista seja possível apenas através de um bom casamento.

 A trajetória de cada uma das irmãs é pautada nas escolhas feitas ao longo do caminho. Ao lado de toda escolha está uma recusa como muito bem a Autora retrata no livro.

A doce Meg desejou sonhos possíveis e assim seguiu por caminhos seguros, escolhendo um casamento por amor em detrimento de uma vida luxuosa, construindo assim uma linda família. Ainda menos audaciosa, Beth sequer se permitiu sonhar.

Corajosas, Jo e Amy atravessaram conturbadas jornadas por sonharem alto e, ainda assim, chegaram bem perto de todas as metas. Jo não virou a escritora que sempre quis, mas casou-se com um professor e juntos abriram uma escola. Amy antes mesmo de frustrar-se com sonhos que não seriam possíveis sabiamente casou-se por amor unindo dois interesses a vida na alta sociedade e envolvimento nas artes.

A forma como a vida das quatro irmãs se desenrolou é reflexo dos dias de hoje: mulheres tentando encontrar o rótulo que melhor as descreva. Mas, esquecemos que atualmente, temos mais liberdade de abusar de mais um rótulo. Podemos ser todas as irmãs: Meg, Jo, Beth e Amy. A escolha de qual seremos dependerá da situação em que estivermos vivendo e de quem queremos ser naquele momento específico.

 A imposição social  só chega até nós se permitirmos, pois hoje podemos explorar personalidades até encontrarmos a que nos faz melhor, podemos escolher ser Meg quando alguém precisar do nosso amor, mas podemos ser determinadas como Jo quando em busca daquilo que faz nosso coração bater mais forte. E, podemos ser decididas como Amy quando tivermos que seguir o caminho mais difícil. E, podemos ser Beth quando precisarmos de um lugar calmo e quieto para recompormo-nos de nossas batalhas.

 Podemos misturar todas as mulheres que temos dentro de nós, sem nos prendermos a apenas um estereótipo, isso significa ser livre para ser feliz. Ser livre para quem quisermos ser. Mas com uma ressalva, somos livres para buscar nosso caminho, mas tendo em mente sempre o lugar de onde viemos e as nossas origens pois estes sim são nossa principal estrela guia.

          Os rótulos que nos acompanham desde pequenas não precisam ser uma pedra no meio do caminho. Eles podem ser o primeiro guia de nossas vidas, uma bússola para nos ajudar a entender quem somos nessa caminhada chamada vida. Sendo o trajeto uma escolha, desvios deverão ser feitos quando conveniente para que cheguemos ao autoconhecimento que, então, passará a ser o mapa principal. 

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