O nosso jeito único de viver é... Com Sotaque.

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Não é sobre desejo, é sobre possibilidade

Acho que um dos pontos mais intensos na vida de uma mulher imigrante que se muda voluntariamente por amor é o desafio de definir o seu propósito.

Muitas coisas mudam, nós somos colocadas em questão, por nós mesmas, pelos outros que passam a nos conhecer e pelos que já nos conhecem.

E assim, um sentimento de vítima recai sobre nós. Nos tornamos vítima da situação em que nós mesmas nos colocamos, em que nós mesmas escolhemos estar, mas sem saber muito bem como, já que tudo acontece muito rápido.

A grande sacada eu diria, é saber que o sentimento de vítima é uma etapa do processo de adaptação dessa mulher que se mudou para acompanhar, mas também, para se descobrir também e curtir coisas novas.

Um assunto tão importante que resolvi trazer no episódio 11 da sexta temporada com a minha convidada Juliana.

Na nossa conversa ela me disse: “Não me aceitei como vítima da situação”. E me contou que foi buscar seu lugar, que queria aprender a falar Alemão, que queria poder contribuir para a sociedade trabalhando, pois isso a fazia se sentir bem.

Quando você a ouve contar como foi a transição de país, você sente uma energia de quem realmente não vê a vida pela janela. Uma frase que ela soltou e que me marcou muito.

Ser imigrante muitas vezes é sim ver a vida pela janela, é se colocar em um lugar mais confortável por não sabermos o que fazer por receio do sotaque, por não entender algo, ou porque é dificil enfrentar o desconhecido.

Tudo isso, vai fazer parte de nossas vidas seja a gente imigrante ou não, certo?

Portanto, siga em frente com receio mesmo, com medo mesmo, lembre-se que a maioria de nós está se sentindo do mesmo jeitinho! Então se reconhecer na posição de controle da sua vida, nada mais é do que inspiração.

E uma vez que você sabe que está vivendo o que há pra você nesse momento de imigrante, o seu propósito acontece. Como a Juliana me disse, não se preocupe em procurar pelo seu propósito, pois na hora certa, você vai perceber.

Minha interpretação foi que se eu tirar a ansiedade da frente, será possível enxergar mais do que dor e saudade. Será possível viver no presente que, de fato, é o que chamamos de vida.

Assim, o propósito não se torna a coisa que mais nos entristece por não sabermos o que fazer, mas que nos motiva por já estarmos fazendo. Não quero que isso fique muito metafísico então vou te dar um exemplo.

Quando perguntei a Juliana o que a ajudou a entender que as coisas simplesmente acontecem quando tem que acontecer, ela me contou o seguinte: Quando cheguei na Alemanha eu tinha toda a documentação certinha para receber meu visto o quanto antes, pois assim eu teria acesso à saúde e aulas de Alemão.

Porém, o processo demorou muito mais que o normal, e eu inconformada, pedi ao meu marido que ligasse para saber o que estava acontecendo. Mesmo um pouco contrariado ele ligou. E aí, descobrimos que o nosso processo estava esquecido na gaveta de um funcionário que estava se aposentando!

Depois disso, passei a entender que as coisas não acontecem porque eu quero, não dependem apenas da minha vontade, mas da possibilidade, ou seja, da combinação de muitos outros fatores, que eu não controlo.

Ouvir a Juliana narrar as adversidade com o filho, as alegrias no primeiro emprego me ajudou a entender que na vida é cada coisa a seu tempo, apesar de nossos planos e nossas metas. Apesar da nossa pressa, o que for seu, o que for para ser vivido irá acontecer e não necessariamente quando você planejar.

Para ouvir esse episódio maravilhoso clique aqui.

E caso queira trocar mais me escreva, vou adorar te conhecer.

Com carinho,

Natalia

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