“Vale a pena morar fora?” Essa é provavelmente a pergunta que mais ouço desde que escrevo sobre imigração, e geralmente vem acompanhada de: “Você acha que devo deixar tudo para morar em Los Angeles?”.
Não importa quem esteja me perguntando, minha resposta é sempre a mesma: É você quem tem que saber. Eu posso te guiar, mas a resposta precisa ser sua, vir de dentro e da forma mais confiante possível.
Mesmo assim, ainda me perguntam: “Mas como vou saber a resposta? Como vou saber o que é melhor pra mim?”. E, sim, eu tenho uma resposta para essa pergunta: a resposta certa é aquela que te traz paz. O caminho que você escolher é aquele que te traz paz.
Claro que posso te guiar nesse processo de descoberta e compreensão do que te traz paz. Mas, primeiro, quero te contar que perceber o que é melhor pra gente nem sempre é fácil de notar ou de querer notar. Sim, existe uma diferença aqui.
São esses pequenos detalhes que fazem com que uma escolha seja bem-feita ou não. Quando estamos em alinhamento com o nosso eu e nossos desejos, a gente consegue ouvir nossa intuição – e não estou sendo esotérica, apenas te contando que isso existe. Se você não ouve, provavelmente é porque ainda não quer perceber e tomar uma decisão, seja qual for, é muito penoso.
Sim, quando não estamos alinhados, escolher, decidir, mudar, fazer… tudo isso gasta muita energia e nos incomoda a ponto de nos paralisar e nos fazer continuar no mesmo lugar de sempre. É como querer fazer um intercâmbio, querer morar em outra cidade, estado ou país, e ainda assim, nunca conseguir planejar e executar.
Então, um dos meus maiores aprendizados foi estar preparada emocionalmente. E sempre que posso dou o conselho de que você procure terapia antes de sair do Brasil. Será muito importante estar forte para os desafios que virão.
Sem mais delongas, vamos ao primeiro passo da reflexão daquilo que chamo de estar em paz.
1. O que te motiva a morar fora?
De onde veio essa ideia? Você viu em um filme? Alguém que você conhece teve essa experiência? Você quer estudar, trabalhar, aprender inglês, cultura? Já imaginou que tipo de vida quer ter e o que você “dá conta”? Essas perguntas importam porque o que for respondido aqui serão os motivos que te farão permanecer no novo país e até te ajudarão a se adaptar mais rápido.
2. O que você pretende conquistar?
Quais são os seus objetivos? Você quer experiências culturais, ganhar dinheiro, crescer na carreira, melhorar um idioma? Seja qual for o seu objetivo, ele precisa ser muito específico, porque isso te ajudará a focar e se manter nos trilhos. Pode acreditar, é mais fácil do que você imagina desviar o foco e acabar sem motivação ou em uma posição muito diferente da desejada.
3. Por que o que eu estou fazendo importa?
Por que sair do Brasil é importante para você? E aqui você tem que pensar no campo sentimental e não racional, ou seja, essa será uma das poucas vezes que você dará mais valor à emoção.
O sentimento faz sentido aqui, pois pode ser que você tenha visto alguém ter essa experiência e você passou a achar que também precisava ter, sem sequer perceber que a vida no exterior não é um sonho seu, que não cabe nos seus planos essa vontade que você nem sabe de onde veio, que tem vontade de usar o dinheiro para investir em outros tipos de experiências. Mas a ideia de fazer e contar que fez é tão tentadora que você se prende à ideia de que precisa ter isso no seu repertório também. Mas será?
Nem sempre o que faz sentido para um faz sentido para o outro.
4. O que você busca com essa experiência?
Seria a mudança de país temporária ou permanente? Tudo bem não saber. Se não sabe, você vai ter que sair do trabalho ou consegue ajustar a um tempo de férias ou até mesmo um sabático? Dá para trabalhar na empresa à distância? Tem como pedir transferência? Sendo um plano a longo prazo, você está disposta a perder certas garantias? Se sim, por que irá perdê-las? O que pretende conquistar que irá compensar certas perdas? O que é inegociável para você? O que não consegue ficar sem? O que quer ficar sem e o que deseja ter no lugar?
Você vê como a resposta à pergunta “se vale ou não a pena morar fora” é muito subjetiva e depende da experiência individual de cada um?
Eu jamais me colocaria no lugar de responder. Eu mesma tenho diferentes respostas a mim mesma sobre a mesma pergunta. Afinal, a vida é muito complicada, cheia de nuances, e o que hoje eu gosto em breve posso deixar de gostar, e o mesmo acontece com o que eu não gostava e agora gosto.
Conforme a vida acontece no Brasil ou fora dele, a gente cresce e evolui. A grande dúvida é: para atingir aquilo que você deseja, depende do lugar onde você está? Se sim, onde seria? Em seguida, você gosta da ideia? Está disposta a pagar o preço de estar nesse lugar? Faz sentido? Sim, não? Por quê?
O ciclo de perguntas é necessário para te mostrar onde você precisa focar para fazer o seu desejo maior acontecer. E se para que ele aconteça você precisa mudar de país, então é possível que sua resposta será que vale a pena. Se sua disposição de mudança não for tão prática assim, você ainda pode seguir o mesmo processo com a diferença que precisará saber, mesmo a curto prazo, qual é seu objetivo.
De um jeito ou de outro, uma decisão precisará acontecer, e essa decisão não pode ser baseada na ideia de outros sobre o valor de se morar fora, e sim na sua ideia de valor, com base no que você quer a curto e longo prazo.
Para te ajudar a aprofundar um pouquinho mais nesse assunto, vem ouvir o episódio 10 com a Maria Fernanda, a gente falou bastante sobre tudo isso e sobre as escolhas dela.
E se quiser conversar mais um pouco, me manda uma mensagem, um e-mail! Vou adorar conversar com você!
Com carinho,
Natalia